A transformação do modelo de negócios é o próximo passo lógico na estrada em direção à transformação digital. Esta é a premissa da publicação Business model transformation: The next stage of Industry 4.0, da KPMG.

Um exemplo de transformação do modelo de negócios consiste em reimaginar a empresa. Por exemplo: uma fábrica pode ser repensada como uma provedora de serviços, abrindo espaço para novas fontes de receita ao longo de todo o ciclo de vida de um produto.

Um benefício adicional desta estratégia é que a empresa pode desenvolver um relacionamento mais profundo e prolongado com os seus clientes. Ou seja: a relação com o consumidor não se encerra com a entrega de algo, mas estende-se ao pós-venda.

Há muitos exemplos de transformação do modelo de negócios. A KPMG aponta a construção de novas estruturas de dados, a mudança radical nas abordagens de vendas, a redefinição dos processos de CRM para desenvolver um relacionamento contínuo com o cliente, entre outras possibilidades.

Mas, para dar certo, a transformação do modelo de negócios exige modificações em muitas partes da organização. Estratégias precisam de ser repensadas, os papéis passam por redefinições, o desenvolvimento de produtos passa a ter uma relação mais próxima com outras áreas, como o marketing...

A boa notícia é que, se for feita corretamente, uma transformação em grande escala pode ter impactos muito positivos. Por exemplo:

  • Otimização e redução de custos;
  • Aumento da eficiência do stock e do controlo do fluxo na fábrica;
  • Compreensão mais profunda acerca das expetativas dos clientes;
  • Melhoria nos níveis de satisfação dos funcionários.

Além disso, com base em melhorias observadas em clientes, a KPMG elenca uma ampla gama de benefícios potenciais que podem ser medidos, tais como:

  • Receita proveniente de serviços;
  • Diferentes maneiras de monetizar dados;
  • Diminuição na quantidade de etapas necessárias a cada trabalho e menor necessidade de “retrabalho”.

É importante lembrar que a transformação do modelo de negócios de uma empresa varia de acordo com o seu estágio de desenvolvimento na jornada digital. Se for uma etapa inicial, o primeiro passo consiste em fazer com que as equipas criem alguma familiaridade com a indústria 4.0. 

Novo modelo de negócios requer mudança cultural

A transformação cultural é necessária, porque os trabalhadores e gestores terão de aprender a executar as suas funções de uma nova forma – a mudança, em alguns casos, pode ser radical. Essa aculturação deve ser feita com planeamento.

O design e o planeamento de um novo modelo de negócios devem começar com uma avaliação minuciosa do atual estágio empresarial e com uma definição detalhada do patamar que ela pretende alcançar.

A empresa que emerge de uma reestruturação provavelmente será muito diferente da antiga. Se o modelo de negócio se tornar mais descentralizado, por exemplo, isso significará uma menor necessidade de concentração de mão de obra.

Também pode ser que se torne necessário “pulverizar” polos de atendimento, redefinir a estrutura logística e muito mais. Tudo isso requer uma abordagem holística em toda a empresa, envolvendo todas as principais funções e unidades operacionais de negócios.

A publicação da KPMG também aponta que a transformação do modelo de negócios está a ocorrer na confluência de duas tendências:

  • A maturação de uma série de tecnologias da Indústria 4.0, que conduzem os fabricantes a um novo nível de conetividade digital, com redes de telecomunicações privadas 5G, inteligência artificial (IA), Internet das Coisas (IoT) e computação de ponta;
  • Uma mudança na procura dos clientes, à medida que esperam uma experiência mais profunda com os seus fornecedores e um atendimento satisfatório do início ao fim de cada ciclo de produto.